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Todo profissional precisa virar influencer?

Todo profissional precisa virar influencer?

Ostentar um feed milimetricamente organizado, produzir conteúdo interessante para o público, postar um número específico de stories por dia, se posicionar sobre o assunto do momento e, ainda, aparecer em vídeos com dicas sobre a sua profissão. O checklist para quem quer conquistar relevância nas redes sociais é extenso — e, para muitos, bastante exaustivo.

No entanto, os cuidados com o perfil no Instagram não são mais uma preocupação exclusiva dos influenciadores. Enquanto as referências de bem-estar, beleza e até saúde estão a apenas um botão de seguir de distância, as redes sociais estão se consolidando como uma espécie de cartão de visitas para profissionais de diversas áreas.

O assunto tem rendido debates acalorados nas redes. Com a popularização dos perfis profissionais, muita gente aprendeu a usar as plataformas para criar conteúdo e alcançar visibilidade no ramo. Mas, quando essa possibilidade passa a se tornar uma obrigação e resulta em desgaste?

Na visão do professor de marketing digital João Vitor Rodrigues, embora não exista uma cobrança, há certa expectativa — não sobre ser famoso, mas de que é importante ser visto para ser reconhecido.

“Por um lado, o profissional pode ser encontrado por pessoas que talvez não o vissem. Porém, esse é um trabalho que exige estratégia, criatividade, acompanhamento de resultados e interações com a audiência”, completa o especialista da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) do Rio de Janeiro.

Quem não é visto, não é lembrado?

Na visão do especialista, em busca de um alcance maior e mais rápido, é importante se proteger contra a tentação de usar a profissão como forma de entreter os seguidores. A cobrança de estar sempre produzindo conteúdo também pode levar ao esgotamento. Na era dos vídeos cômicos e dancinhas da moda, o efeito pode ser contrário ao esperado. “Acredito que leve ao esgotamento físico, mental e também de toda e qualquer confiança que outras pessoas possam ter em você, se você fala qualquer coisa aleatoriamente só por falar”, frisa Rodrigues.

Para driblar essas armadilhas da visibilidade, ele orienta que o primeiro passo é questionar e ir além de apenas mimetizar o que é convencionado pelos outros. “É para mim? Preciso fazer isso? Qual vantagem ou benefício recebo se seguir o que está todo mundo fazendo. Agir no modo automático sem crítica, sem duvidar, não ajuda mesmo”, aconselha.

A necessidade de entreter

Além de uma vitrine, a rede social também é uma espécie de recorte muito bem emoldurado. O que você vê ali não representa, necessariamente, a realidade. Por isso, é fundamental desconfiar. Sucesso na profissão não é sinônimo de fama nas redes sociais, de acordo com o psiquiatra Adilon Harley Machado.

“A internet faz com que as pessoas se tornem especialistas de si mesmas, reproduzindo fórmulas que funcionam para elas, como se servissem para todo mundo”, alerta. Senso crítico é palavra de ordem – tanto para quem pretende produzir conteúdo, quanto para quem vai consumi-lo. “Ninguém gostaria de tomar remédio para tratamento de doenças sérias que sejam recomendados por quem não é médico, é a mesma situação”, ilustra o professor João Vitor Rodrigues. “Quem consome esse conteúdo deve ter duas vezes mais atenção porque a gente não pode confirmar aquelas histórias, é só o que a gente ouve, vê e lê”, alerta.

Dietas para emagrecer milagrosamente, mudar de hábitos e ter um novo estilo de vida podem mascarar outras preocupações. Quais são os motivos que te vinculam àquele influenciador? Você acredita em uma fórmula, ou quer se alimentar do desejo de ter uma vida como aquela? Essas são perguntas que se deve fazer ao seguir alguém.

Limites da ética profissional

Para garantir uma regulamentação do marketing profissional, entidades possuem um posicionamento oficial sobre o tema. É o caso da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

No caso dos médicos, a publicidade é autorizada desde que sejam respeitados alguns critérios, como a proibição de expor a figura do paciente como forma de divulgar a técnica, método ou resultado de tratamento; ou anunciar a utilização de técnicas exclusivas. Para quem exerce a advocacia, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) lançou o novo provimento este ano, que permite publicidade nas redes sociais, desde que o conteúdo respeite as normas do Código de Ética e da profissão.

“O objetivo foi permitir que os profissionais se utilizem das publicações com cunho educacional e informativo para se consolidar profissionalmente”, explica a conselheira federal da OAB pelo Rio Grande do Sul, Greice Stocker. “Contudo, não significa a liberação total com relação a este tipo de publicação, pois há a necessidade de se manter a discrição, sobriedade e não mercantilização”, completa.

A democratização do conteúdo pode contribuir para proporcionar ferramentas ao consumidor sobre informações de utilidade pública. Mas, “as redes sociais são um espaço cercado de dúvidas, que se dedica à cultura do espetáculo. Elas são uma plataforma de interação, mas não uma construção de relacionamento efetivamente”, ressalta Marco Túlio Zanini, especialista em comportamento organizacional.

Além de investir em marketing, priorize adicionar mais peso ao seu currículo. Construir uma carreira e notoriedade profissional, de acordo com o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), depende de interações face a face, e de âncoras como boas instituições para posicionar o profissional.

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